
Observador que sou por natureza e hoje também por profissão, confesso que adoro prestar atenção na vida dos outros.
E uma cena cotidiana sempre me intriga a imaginação. É quando uma mãe, jovem senhora, bonita, anda com sua filha adolescente, quase mulher, bonita, pelas ruas da cidade.
Fico imaginando o que se passa na cabeça das duas. Mulheres são competitivas por natureza, fato. Porém nada é maior que o amor de mãe/filha(o). E aí? Como elas lidam com tudo isso?
Os olhares dos espectadores se dividem. Mas a beleza da juventude é arrebatadora e vence, é claro. Impossível discordar. O brilho da pele, do cabelo, dos olhos, o jeito de andar com uma despretensão pretenciosa, que testa limites, que testa o poder de sedução. As meninas sabem como trafegar e serem notadas. As mães vão colhendo esses olhares pras suas filhas com um pouco de ciúme, com instinto de proteção aguçado e com uma certa alegria de saber que o futuro da cria será próspero em se tratando de opções para o amor. Vai-se assinando, dia a dia um atestado de envelhecimento. Aquela coisa de dar a vez. A não ser, claro, que essa mãe seja a Luíza Brunet.
Que engraçada é a natureza humana.
Enquanto não pagar a gente pensa,
Enquanto Deus deixar a gente fala.
MARCELO MIRA